Paz e Mel

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Sexta-Feira Santa com Papa Francisco e Homilia do Frei Raniero Cantalamessa





HOMILIA DE FREI RANIERO CANTALAMESSA
Basílica de São Pedro
Sexta-feira Santa, 29 de Março de 2013


"Todos pecaram e se privaram da glória de Deus, mas foram justificados gratuitamente pela sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus. Deus o predeterminou para a propiciação por meio da fé no seu sangue [...], para provar a sua justiça no tempo presente, a fim de que ele seja justo e justifique aquele que tem fé em Jesus" (Rm 3, 23-26).

Chegamos ao ápice do ano da fé e ao seu momento decisivo. Esta é a fé que salva, "a fé que vence o mundo" (1 Jo 5,5)! A fé – apropriação, pela qual tornamos nossa a salvação operada por Cristo e nos vestimos do manto da sua justiça. Por um lado, temos a mão estendida de Deus, que oferece a sua graça ao homem; por outro, a mão do homem, que se estende para recebê-la mediante a fé. A "nova e eterna aliança" é selada com um aperto de mão entre Deus e o homem.

Nós temos a possibilidade de tomar, neste dia, a decisão mais importante da vida, aquela que nos abre de par em par os portões da eternidade: acreditar! Acreditar que "Jesus morreu pelos nossos pecados e ressuscitou para a nossa justificação" (Rm 4, 25)! Numa homilia pascal do século IV, o bispo proclamava estas palavras excepcionalmente contemporâneas e, de certa forma, existenciais: "Para cada homem, o princípio da vida é aquele a partir do qual Cristo foi imolado por ele. Mas Cristo se imola por ele no momento em que ele reconhece a graça e se torna consciente da vida que aquela imolação lhe proporcionou" (Homilia de Páscoa no ano de 387; SCh 36, p. 59 s.).

Que extraordinário! Esta Sexta-feira Santa, celebrada no ano da fé e na presença do novo sucessor de Pedro, poderá ser, se quisermos, o início de uma nova vida. O bispo Hilário de Poitiers, que se converteu ao cristianismo quando já era adulto, afirmava, ao repensar na sua vida passada: "Antes de te conhecer, eu não existia".

O necessário é apenas nos situarmos na verdade, reconhecermos que precisamos ser justificados, que não nos auto-justificamos. O publicano da parábola subiu ao templo e fez uma brevíssima oração: "Ó Deus, tem piedade de mim, pecador". E Jesus diz que aquele homem foi para casa "justificado", ou seja, transformado em homem justo, perdoado, feito criatura nova; cantando alegremente, penso eu, dentro do seu coração (Lc 18,14). O que ele tinha feito de tão extraordinário? Nada. Ele se colocou na verdade diante de Deus, e esta é a única coisa de que Deus precisa para agir.
* * *
Como o alpinista que, superando uma passagem perigosa, faz uma parada para retomar o fôlego e admirar a paisagem que se abre à sua frente, assim o apóstolo Paulo, no início do capítulo quinto da Carta aos Romanos, depois de proclamar a justificação pela fé, escreve: “Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus graças a nosso Senhor Jesus Cristo, por meio de quem obtivemos acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e nos gloriamos na esperança da glória de Deus; não só isso, mas também nos gloriamos nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a paciência, e a paciência produz a experiência, e a experiência, a esperança. Ora, a esperança não nos decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5. 1-5).

Hoje, a partir de satélites artificiais, são tiradas fotografias infravermelhas de regiões inteiras da terra e de todo o planeta. Como é diferente a paisagem vista de cima, à luz desses raios, em comparação com o que vemos à luz natural e estando presentes no local! Eu me lembro de uma das primeiras fotos de satélite que correram o mundo, reproduzindo a península inteira do Sinai. As cores eram muito diferentes, eram mais evidentes os relevos e as depressões. É um símbolo. A vida humana, vista pelo infravermelho da fé, do alto do Calvário, também se mostra diferente de como é vista "a olho nu".

“Tudo”, dizia o sábio do Antigo Testamento, “acontece para o justo e para o ímpio... Percebi que, sob o sol, em vez da lei existe a iniquidade, e, no lugar da justiça, a maldade” (Eclesiastes 3, 16; 9, 2). Em todos os tempos, de fato, viu-se a maldade triunfante e a inocência humilhada. Mas para que não se pense que no mundo não há nada de fixo e de certo, observa Bossuet, às vezes se vê o oposto, ou seja, a inocência no trono e a maldade no cadafalso. Mas o que o Eclesiastes concluía? "Então eu pensei: Deus julgará o justo e o ímpio, porque há um tempo para cada coisa" (Eclesiastes 3, 17). Ele encontra o ponto de observação que devolve a paz à alma.

O que o Eclesiastes não podia saber, mas que nós sabemos, é que esse juízo já aconteceu: “Agora”, diz Jesus, caminhando para a sua paixão, “é o julgamento deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo; e eu, quando for levantado da terra, atrairei todos para mim" (Jo 12, 31-32).

Em Cristo morto e ressuscitado, o mundo chegou ao seu destino final. O progresso da humanidade avança a um ritmo vertiginoso e a humanidade vê desenrolar-se, à sua frente, horizontes novos e inesperados, fruto das suas descobertas. Pode-se dizer, porém, que já chegou o fim do tempo, porque em Cristo, que subiu à direita do Pai, a humanidade encontrou o seu objetivo final. Já começaram os novos céus e a nova terra.

Apesar de toda a miséria, injustiça e monstruosidade na terra, ele já inaugurou a ordem definitiva no mundo. O que vemos com os nossos olhos pode nos sugerir o contrário, mas o mal e a morte foram, na verdade, derrotados para sempre. As suas fontes secaram; a realidade é que Jesus é o Senhor do mundo. O mal foi vencido radicalmente pela redenção que ele realizou. O novo mundo já começou.

Uma coisa, acima de tudo, parece diferente quando vista através dos olhos de fé: a morte! Cristo entrou na morte como se entra numa prisão escura, mas saiu dela pela muralha oposta. Ele não voltou por onde tinha entrado, como Lázaro, que tornara à vida para depois morrer de novo. Cristo abriu uma brecha para a vida que ninguém poderá fechar e pela qual todos podem segui-lo. A morte não é mais um muro contra o qual se parte toda esperança humana; ela se tornou uma ponte para a eternidade. Uma "ponte dos suspiros", talvez, porque ninguém gosta do fato de morrer, mas uma ponte, não mais um abismo que engole tudo. “O amor é forte como a morte”, diz o Cântico dos Cânticos (8,6). Em Cristo, ele é mais forte do que a morte!

Na sua "História Eclesiástica do Povo Inglês", Beda, o Venerável, relata como a fé cristã chegou até o norte da Inglaterra. Quando os missionários vindos de Roma chegaram a Northumberland, o rei do lugar convocou um conselho de notáveis ​​para decidir se permitia ou não que eles divulgassem a nova mensagem. Alguns dos presentes foram a favor, outros contra. Era um inverno rigoroso, açoitado pela nevasca lá fora, mas a sala estava iluminada e aquecida. Em dado momento, um pássaro entrou por um buraco na parede, pairou assustado na sala e desapareceu por outro buraco, na parede oposta. Então, levantou-se um dos presentes e disse: “Rei, a nossa vida neste mundo é como aquele pássaro. Viemos não sabemos de onde, desfrutamos por um breve instante da luz e do calor deste mundo e depois desaparecemos de novo na escuridão, sem saber para onde estamos indo. Se estes homens podem nos revelar alguma coisa do mistério da nossa vida, devemos ouvi-los”.

A fé cristã poderia voltar ao nosso continente e ao mundo secularizado pela mesma razão por que já entrou nele antes: como a única que tem uma resposta segura para dar às grandes questões da vida e da morte.
* * *
A cruz separa os crentes dos não crentes, porque, para alguns, ela é escândalo e loucura, e, para outros, é poder de Deus e sabedoria de Deus (cf. I Cor 1, 23-24). Em sentido mais profundo, ela une todos homens, crentes e não crentes. "Jesus tinha que morrer [...] não por uma nação, mas para reunir todos os filhos de Deus que andavam dispersos" (Jo 11, 51 s.). Os novos céus e a nova terra são de todos e para todos, porque Cristo morreu por todos.

A urgência decorrente de tudo isto é evangelizar: "O amor de Cristo nos impele, ao pensarmos que um só morreu por todos" (II Cor 5,14). Impele a evangelizar! Vamos anunciar ao mundo a boa notícia de que "não há nenhuma condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus, porque a lei do Espírito que dá vida em Cristo Jesus nos libertou da lei do pecado e da morte" (Rm 8, 1-2).

Há um conto, do judeu Franz Kafka, que é um poderoso símbolo religioso e que assume um novo significado, quase profético, na Sexta-Feira Santa: "Uma Mensagem Imperial". Fala de um rei que, em seu leito de morte, chama um súdito e lhe sussurra ao ouvido uma mensagem. É tão importante aquela mensagem que ele faz o súdito repeti-la ao seu próprio ouvido. O mensageiro parte, logo em seguida. Mas ouçamos o resto da história diretamente do autor, com o tom onírico, de pesadelo, quase, que é típico deste escritor:

"Projetando um braço aqui, outro acolá, o mensageiro abre alas por entre a multidão e avança ligeiro como ninguém. Mas a multidão é imensa, e as suas moradas, exterminadas. Como voaria se tivesse via livre! Mas ele se esforça em vão; ainda continua a se afanar pelas salas interiores do palácio, do qual nunca sairá. E mesmo que conseguisse, isto nada quereria dizer: ele teria que lutar para descer as escadas. E mesmo que conseguisse, ainda nada teria feito: haveria que cruzar os pátios; e, depois dos pátios, o segundo círculo dos edifícios. Se conseguisse precipitar-se, finalmente, para fora da última porta - mas isso nunca, nunca poderá acontecer - eis que, diante dele, alçar-se-ia a cidade imperial, o centro do mundo, em que montanhas de seus detritos se amontoam. Lá no meio, ninguém é capaz de avançar, nem mesmo com a mensagem de um morto. Tu, no entanto, te sentas à tua janela e sonhas com aquela mensagem quando a noite vem".

Do seu leito de morte, também Cristo confiou à sua Igreja uma mensagem: "Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura" (Mc 16, 15). Ainda existem muitos homens que se sentam à janela e sonham, sem saber, com uma mensagem como a dele. João, como acabamos de ouvir, afirma que o soldado perfurou o lado de Cristo na cruz “para que se cumprisse a Escritura, que diz: Hão-de olhar para Aquele que trespassaram” (Jo 19, 37). No Apocalipse, ele acrescenta: “Eis que vem sobre as nuvens e todo olho o verá; até os mesmos que o trespassaram, e todas as tribos da terra se lamentarão por ele” (Ap 1,7).

Esta profecia não anuncia a última vinda de Cristo, quando já não for o tempo da conversão, mas do julgamento. Ela descreve, em vez disso, a realidade da evangelização dos povos. Nela ocorre uma vinda misteriosa, mas real, do Senhor que traz a salvação. O seu pranto não será de desespero, mas de arrependimento e de consolação. Este é o significado da profecia da Escritura, que João vê realizada no lado trespassado de Cristo, ou seja, o texto de Zacarias 12, 10: “Derramarei sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém o Espírito de graça e de consolação; eles olharão para mim , para aquele a quem trespassaram".

A evangelização tem uma origem mística; é um dom que vem da cruz de Cristo, daquele lado aberto, daquele sangue e água. O amor de Cristo, como o da Trindade, do qual é a manifestação histórica, é "diffusivum sui", tende a se expandir e chegar a todas as criaturas, "especialmente as mais necessitadas da sua misericórdia". A evangelização cristã não é conquista, não é propaganda; é o dom de Deus para o mundo em seu Filho Jesus. É dar ao Chefe a alegria de sentir a vida fluir do seu coração para o seu corpo, até vivificar os seus membros mais distantes.

Temos de fazer todo o possível para que a Igreja nunca se pareça ao castelo complicado e assombroso descrito por Kafka, e para que a mensagem possa sair dela tão livre e alegre como quando começou a sua corrida. Sabemos quais são os impedimentos que podem reter o mensageiro: as muralhas divisórias, começando por aquelas que separam as várias igrejas cristãs umas das outras; a burocracia excessiva; os resíduos de cerimoniais, leis e disputas do passado, que se tornaram, enfim, apenas detritos.

Em Apocalipse, Jesus diz que ele está à porta e bate (Ap 3:20). Às vezes, como foi observado por nosso Papa Francisco, não bater para entrar, mas batendo de dentro porque ele quer sair. Sair para os "subúrbios existenciais do pecado, o sofrimento, a injustiça, ignorância e indiferença à religião, de toda forma de miséria."

Acontece como em certas construções antigas. Ao longo dos séculos, para adaptar-se às exigências do momento, houve profusão de divisórias, escadarias, salas e câmaras. Chega um momento em que se percebe que todas essas adaptações já não respondem às necessidades atuais; servem, antes, de obstáculo, e temos então de ter a coragem de derrubá-las e trazer o prédio de volta à simplicidade e à linearidade das suas origens. Foi a missão que recebeu, um dia, um homem que orava diante do crucifixo de São Damião: "Vai, Francisco, e reforma a minha Igreja".

"Quem está à altura dessa tarefa?", perguntava-se o Apóstolo, aterrorizado, diante da tarefa sobre-humana de ser no mundo "o aroma de Cristo"; e eis a sua resposta, que é verdade também agora: "Não é que sejamos capazes de pensar alguma coisa como se viesse de nós; a nossa capacidade vem de Deus. Ele nos fez idôneos para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do Espírito, pois a letra mata, mas o Espírito dá vida" (II Cor 2, 16; 3, 5-6).

Que o Espírito Santo, neste momento em que se abre para a Igreja um novo tempo, cheio de esperança, redesperte nos homens que estão à janela a esperança da mensagem e, nos mensageiros, a vontade de levá-la até eles, mesmo que ao custo da própria vida.

Homens que vivem a paternidade são mais felizes

CALIFORNIA, 21 Jun. 12 / 11:51 am (ACI)



Um estudo elaborado por um grupo de psicólogos das universidades Universidade de Riverside, Stanford e British Columbia indica que a paternidade aumenta nos homens os níveis de felicidade em comparação com aqueles que não têm filhos, e evidenciou também que as crianças não são uma fonte de problemas.

Segundo a investigação chamada "Em Defesa da Família: As crianças estão associadas com mais alegria que penas", os pais que participaram do estudo manifestaram um maior grau de felicidade, emoções positivas e vontade de viver que os homens sem filhos.

Do mesmo modo, contra o que comumente se acredita em várias sociedades do mundo, o estudo demonstrou que os pais são mais felizes quando estão cuidando dos seus filhos que em qualquer outro tipo de atividade cotidiana, "apesar das responsabilidades adicionais às que conduz".

Nesse sentido, Elizabeth W. Dunn, psicóloga social da Universidade de British Columbia no Canadá, assinalou que os benefícios emocionais da paternidade se relacionam com o aumento da responsabilidade.

"Ao estar pendente dos cuidados de outra pessoa se fomenta certo altruísmo e o homem deixa de estar tão centrado em si mesmo, e partir desta óptica fomenta-se as emoções positivas", expressou Dunn, quem esclareceu ainda que "não se trata de procurar os sentimentos positivos através dos filhos, mas sim de implicar-se em seu cuidado e educação".

Finalmente, os investigadores indicaram que o estudo também contradiz aqueles que acreditam que os filhos são uma fonte de problemas. Segundo o estudo, os filhos não prejudicam o desenvolvimento pessoal dos pais nem limitam suas relações sociais.

Proibição do Aborto Diminui Mortalidade Infantil

SANTIAGO, 09 Mai. 12 / 12:55 pm (ACI)

Um novo estudo realizado no Chile, com informação recolhida durante cinqüenta anos, confirmou que um maior acesso ao aborto não produz uma diminuição na taxa de mortalidade materna.

A pesquisa "Nível de educação das mulheres, instalações da saúde materna, legislação sobre o aborto e mortalidade materna: um experimento natural no Chile desde 1957 até 2007", foi publicada no dia 4 de maio no PLoS ONE, a maior revista científica do mundo.

Uma das descobertas mais importantes da pesquisa foi que, ao contrario do que dizem as hipóteses sustentadas pelos abortistas, desde que o aborto foi declarado ilegal no Chile, no final da década de 1980, a taxa de mortalidade materna diminuiu de 41.3 até 12.7 por cada 100.000 crianças nascidas vivas. Isto significa uma redução de 69,2 por cento.

O Dr. Elard Koch, epidemiologista e principal autor do estudo, destacou que "definitivamente, a proibição legal do aborto não está relacionada com as taxas globais de mortalidade materna".

Para o estudo, os cientistas usaram dados oficiais do Instituto Nacional de Estatística do Chile, entre os anos 1957 e 2007. Os autores analisaram os fatores que podem afetar a mortalidade materna como, os anos de educação, o ingresso per capita, a taxa global de fecundidade, o fornecimento de água potável, entre outros.

A pesquisa considerou também o impacto das políticas de educação e saúde materna, incluída a legislação que proibiu o aborto no Chile no ano de 1989.

O Dr. Koch insistiu que é a educação das mulheres o que melhora sua capacidade "para buscar os recursos existentes de atendimento a saúde, incluindo pessoal qualificado para o parto, e conduz diretamente a uma redução no risco de morrer durante a gravidez e o parto".

A pesquisa revelou que o Chile, um país onde está proibido qualquer tipo de aborto, é um paradigma em saúde materna a nível mundial, pois a taxa de mortalidade materna diminuiu em 93,8 por cento entre 1957 e 2007.

O Dr. Koch destacou que "de fato, durante o ano de 2008 a taxa de mortalidade materna se reduziu novamente, a 16.5 por cada 100.000 nascidos vivos, colocando o Chile como o segundo país com a proporção mais baixa no continente americano, depois do Canadá".

De acordo com o cientista, a taxa de mortalidade materna do Chile está dois pontos abaixo da dos Estados Unidos.

Em fevereiro de 2011, Chile recebeu o prêmio International Protect Life Award (a proteção internacional da vida), por ser o país com a taxa mais baixa de mortalidade materna na América Latina.

Entre as variáveis que influíram na redução da mortalidade materna no Chile se encontram a formação de pessoal qualificado para o atendimento materno-infantil, a nutrição complementar para mulheres grávidas e para seus filhos, assim como a limpeza das instalações.

Mas o fator mais importante foi o nível educativo das mulheres. Por cada ano adicional de educação da mãe, observou-se uma diminuição correspondente na taxa de mortalidade materna de 29,3 por 100.000 nascidos vivos.

Entretanto, para o Dr. Koch, esta pesquisa mostra um "paradoxo da fertilidade" na saúde materna, pois embora "a educação ajudou a que o Chile alcance um dos recordes mundiais em segurança para a maternidade, também contribuiu para diminuir a fertilidade e atrasar excessivamente a maternidade, pondo às mães em risco por serem já de maior idade".

O problema atual, de acordo ao cientista, já não é quantos filhos tem uma mãe, mas sim "quando uma mãe tem seus filhos, especialmente o primeiro deles".

Santo Padre catequisa sobre a última ceia


Caros amigos do nosso blog:
Repassamos a seguir, a catequese implementada pelo Papa Bento XVI no
último dia 11 de janeiro, em audiência geral. Tratando da temática da última ceia, recordou-nos o amor do Senhor que sabia do Sacrifício Salvífico que estava por vir e o antecipou sacramentalmente na Eucaristia. Ao lado do mistério da presença real, está o mistério da Redenção da Humanidade.
A conclusão é belíssima: "As nossas Eucaristias consistem em sermos atraídos para aquele momento de oração, em unir-nos sempre de novo à oração de Jesus. Desde o início, a Igreja compreendeu as palavras de consagração como parte da prece
recitada juntamente com Jesus; como uma parte central do louvor cheio de gratidão, através da qual o fruto da terra e do trabalho do homem nos é novamente oferecido por Deus como Corpo e Sangue de Jesus, como autodoação do próprio Deus no amor acolhedor do Filho (cf. Jesus de Nazaré, II, pag. 146). Participando na Eucaristia, alimentando-nos da Carne e do Sangue do Filho de Deus, unamos a nossa oração à prece do Cordeiro pascal na sua noite suprema, a fim de que a nossa vida não se perca, apesar da nossa debilidade e das nossas infidelidades, mas seja transformada". Segue o texto da catequese:


"PAPA BENTO XVI
AUDIÊNCIA GERAL - Sala Paulo VI - Quarta-feira, 11 de Janeiro de 2012
A oração de Jesus na Última Ceia
Queridos irmãos e irmãs
No nosso caminho de reflexão sobre a prece de Jesus, apresentada nos
Evangelhos, gostaria de meditar hoje sobre o momento, particularmente
solene, da sua oração na Última Ceia.
O cenário temporal e emocional do banquete no qual Jesus se despede
dos seus amigos é a iminência da sua morte, que Ele já sente próxima.
Havia muito tempo que Jesus tinha começado a falar da sua paixão,
procurando também empenhar cada vez mais os seus discípulos nesta
perspectiva. O Evangelho segundo Marcos narra que desde o início da
viagem rumo a Jerusalém, nos povoados da longínqua Cesareia de Filipe,
Jesus começara 'a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do homem
padecesse muito, fosse rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes
e pelos escribas, e fosse morto, mas ressuscitasse depois de três
dias' (Mc 8, 31). Além disso, precisamente nos dias em que se
preparava para dizer adeus aos discípulos, a vida do povo estava
marcada pela aproximação da Páscoa, ou seja, do memorial da libertação
de Israel do Egito. Esta libertação, experimentada no passado e
esperada de novo no presente e para o futuro, era revivida nas
celebrações familiares da Páscoa. A Última Ceia se insere neste
contexto, mas com uma novidade de fundo. Jesus olha para a sua Paixão,
Morte e Ressurreição, plenamente consciente delas. Ele quer viver esta
Ceia com os seus discípulos, com um caráter totalmente especial e
diferente dos outros banquetes; é a sua Ceia, na qual oferece Algo de
totalmente novo: Ele mesmo. Deste modo, Jesus celebra a sua Páscoa,
antecipa a sua Cruz e a sua Ressurreição.
Esta novidade é-nos evidenciada pela cronologia da Última Ceia no
Evangelho de João, que não a descreve como a ceia pascal, precisamente
porque Jesus tenciona inaugurar algo de novo, celebrar a sua Páscoa,
certamente vinculada aos acontecimentos do Êxodo. E para João, Jesus
morreu na Cruz precisamente no momento em que, no templo de Jerusalém,
eram imolados os cordeiros pascais.
Então, qual é o núcleo desta Ceia? São os gestos da fração do pão, da
sua distribuição aos seus e da partilha do cálice do vinho, com as
palavras que os acompanham e no contexto de oração em que se inserem:
é a instituição da Eucaristia, é a grande oração de Jesus e da Igreja.
Mas consideremos mais de perto este momento.
Antes de tudo, as tradições neotestamentárias da instituição da
Eucaristia (cf. 1 Cor 11, 23-25; Lc 22, 14-20; Mc 14, 22-25; Mt 26,
26-29), indicando a oração que introduz os gestos e as palavras de
Jesus sobre o pão e o vinho, utilizam dois verbos paralelos e
complementares. Paulo e Lucas falam de eucaristia/ação de graças:
'Tomou então o pão e, depois de dar graças, partiu-o e deu-lho' (Lc
22, 19). Marcos e Mateus, ao contrário, sublinham o aspecto de
eulogia/bênção: 'Tomou o pão e, depois de o benzer, partiu-o e
deu-lho' (Mc 14, 22). Ambos os termos gregos eucaristein e eulogein
remetem à berakha judaica, ou seja, para a grandiosa prece de ação de
graças e de bênção da tradição de Israel, que inaugurava os grandes
banquetes. Estas duas diferentes palavras gregas indicam as duas
orientações intrínsecas e complementares desta oração. Com efeito, a
berakha é antes de tudo ação de graças e louvor que se eleva a Deus
pelo dom recebido: na Última Ceia de Jesus, trata-se do pão — feito
com o trigo que Deus faz germinar e crescer da terra — e do vinho
produzido pelo fruto amadurecido nas videiras. Esta oração de louvor e
de ação de graças, que se eleva a Deus, retorna como bênção, que desce
de Deus sobre o dom e o enriquece. Assim, a ação de graças e o louvor
a Deus tornam-se bênção, e a oferenda doada a Deus volta para o homem
abençoada pelo Todo-Poderoso. As palavras da instituição da Eucaristia
inserem-se neste contexto de oração; nelas, o louvor e a bênção da
berakha tornam-se bênção e transformação do pão e do vinho no Corpo e
no Sangue de Jesus.
Antes das palavras da instituição há os gestos: o da fração do pão e o
da oferta do vinho. Quem parte o pão e oferece o cálice é, antes de
tudo, o chefe de família, que recebe à sua mesa os familiares, mas
estes gestos são também os da hospitalidade, do acolhimento na
comunhão convival do estrangeiro, que não faz parte da casa. Estes
mesmos gestos, na ceia com a qual Jesus se despede dos seus, adquirem
uma profundidade totalmente nova: Ele oferece um sinal visível do
acolhimento à mesa em que Deus se doa. No pão e no vinho, Jesus
oferece-se e comunica-se a Si mesmo.
Mas como pode realizar-se tudo isto? Como pode Jesus doar-se, naquele
momento, a Si mesmo? Jesus sabe que a vida está prestes a ser-lhe
tirada através do suplício da cruz, a pena capital dos homens não
livres, aquela que Cícero definia a mors turpissima crucis. Com o dom
do pão e do vinho, que oferece na Última Ceia, Jesus antecipa a sua
morte e a sua ressurreição, realizando aquilo que já tinha dito no
discurso do Bom Pastor: 'Dou a minha vida, para tornar a tomá-la.
Ninguém ma tira; sou Eu que a dou por Mim mesmo. Tenho poder para a
dar e para tornar a tomá-la; este mandamento recebi de Meu Pai' (Jo
10, 17-18). Por conseguinte, Ele oferece antecipadamente a vida que
lhe será tirada, e deste modo transforma a sua morte violenta num
gesto livre de doação de Si mesmo pelos outros e aos outros. A
violência padecida transforma-se num sacrifício concreto, livre e
redentor.
Mais uma vez na oração, começada segundo as formas rituais da tradição
bíblica, Jesus mostra a sua identidade e a determinação a cumprir até
ao fim a sua missão de amor total, de oferta em obediência à vontade
do Pai. A profunda originalidade do dom de Si mesmo aos seus, através
do memorial eucarístico, é o ápice da oração que distingue a ceia de
adeus com os seus. Contemplando os gestos e as palavras de Jesus
naquela noite, vemos claramente que a relação íntima e constante com o
Pai é o lugar em que Ele realiza o gesto de transmitir aos seus, e a
cada um de nós, o Sacramento do amor, o 'Sacramentum caritatis'. Por
duas vezes, no cenáculo, ressoam estas palavras: 'Fazei isto em
memória de Mim' (1 Cor 11, 24.25). Com o dom de Si, Ele celebra a sua
Páscoa, tornando-se o verdadeiro Cordeiro que leva a cumprimento todo
o culto antigo. Por isso são Paulo, falando aos cristãos de Corinto,
afirma: 'Cristo, nossa Páscoa [o nosso Cordeiro pascal!], foi imolado!
Celebremos, pois, a festa... com o fermento da pureza e da verdade' (1
Cor 5, 7-8).
O evangelista Lucas conservou um ulterior elemento precioso dos
acontecimentos da Última Ceia, que nos permite ver a profundidade
comovedora da oração de Jesus pelos seus naquela noite, a sua atenção
por cada um. Começando a partir da oração de ação de graças e de
bênção, Jesus chega ao dom eucarístico, à entrega de Si mesmo e,
enquanto oferece a realidade sacramental decisiva, dirige-se a Pedro.
No final da ceia, Ele diz: 'Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou
para vos peneirar como o trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua
confiança não desfaleça; e tu, por tua vez, confirma os teus irmãos'
(Lc 22, 31-32). Quando se aproxima a provação também para os seus
discípulos, a oração de Jesus sustenta a sua debilidade, a sua
dificuldade de compreender que o caminho de Deus passa através do
Mistério pascal de morte e ressurreição, antecipado na oferenda do pão
e do vinho. A Eucaristia é alimento dos peregrinos, que se torna força
também para aqueles que se sentem cansados, prostrados e
desorientados. E a oração é particularmente para Pedro a fim de que,
uma vez convertido, confirme os irmãos na fé. O evangelista Lucas
recorda que foi precisamente o olhar de Jesus que procurou o rosto de
Pedro no momento em que ele tinha acabado de consumir a sua tríplice
negação, para lhe conferir a força de retomar o caminho no seu
seguimento: 'E naquele mesmo instante, quando ainda falava, o galo
cantou. Voltando-se, o Senhor olhou para Pedro. Então Pedro lembrou-se
das palavras do Senhor' (Lc 22, 60-61).
Caros irmãos e irmãs, participando na Eucaristia, vivamos de modo
extraordinário a oração que Jesus recitou, e recita continuamente, por
cada um a fim de que o mal, que todos nós encontramos na vida, não
prevaleça, e para que em nós aja a força transformadora da morte e da
ressurreição de Cristo. Na Eucaristia, a Igreja responde ao mandato de
Jesus: 'Fazei isto em memória de mim' (Lc 22, 19; cf. 1 Cor 11,
24-26); repete a oração de ação de graças e de bênção e, com ela, as
palavras da transubstanciação do pão e do vinho no Corpo e Sangue do
Senhor. As nossas Eucaristias consistem em sermos atraídos para aquele
momento de oração, em unir-nos sempre de novo à oração de Jesus. Desde
o início, a Igreja compreendeu as palavras de consagração como parte
da prece recitada juntamente com Jesus; como uma parte central do
louvor cheio de gratidão, através da qual o fruto da terra e do
trabalho do homem nos é novamente oferecido por Deus como Corpo e
Sangue de Jesus, como autodoação do próprio Deus no amor acolhedor do
Filho (cf. Jesus de Nazaré, II, pag. 146). Participando na Eucaristia,
alimentando-nos da Carne e do Sangue do Filho de Deus, unamos a nossa
oração à prece do Cordeiro pascal na sua noite suprema, a fim de que a
nossa vida não se perca, apesar da nossa debilidade e das nossas
infidelidades, mas seja transformada.
Estimados amigos, peçamos ao Senhor que, depois de nos prepararmos
devidamente, também com o Sacramento da Penitência, a nossa
participação na sua Eucaristia, indispensável para a vida cristã, seja
sempre o ponto mais elevado de toda a nossa oração. Peçamos que,
profundamente unidos na sua própria oferenda ao Pai, possamos também
nós transformar as nossas cruzes em sacrifício livre e responsável de
amor a Deus e aos irmãos. Obrigado!
Saudação
Saúdo cordialmente os peregrinos de língua portuguesa, desejando-vos
que o ponto mais alto da vossa oração seja uma digna participação na
Eucaristia para poderdes, também vós, transformar as cruzes da vossa
vida em sacrifício livre de amor a Deus e aos irmãos. Obrigado pela
vossa presença. Ide com Deus".